terça-feira, 3 de abril de 2018

O pedido e a segurança... Hoje o texto é dela.. Por Ana Gabriela, a praguinha...

Texto da filhinha: O Pedido e a Segurança

Por: Ana Gabriela


Por onde andei enquanto estive fora da cama na madrugada anterior, me perguntavam naquela manhã de quarta-feira. Deixei as perguntas em branco, como se fossem retóricas, mas não propositalmente e sim pelo fato de não saber as respostas.
Eu sempre gostei de ouvir histórias sobre meu problema de sonambulismo, costumavam ser engraçadas e aquele dia ninguém tinha nada tão plausível a me contar. O pouco que podiam relatar-me era que por nenhum motivo que pudesse explicar Madame Lúcia acordou assustada e sentiu necessidade de me ver antes de voltar a se deitar, mas em meu quarto não me encontrou.

Pensou consigo que eu devia estar dormindo em pé em algum cômodo da casa, pôs-se a me procurar só que eu não estava em lugar algum, começou a me procurar em desespero por tudo, já me acharam escondida atrás dos móveis, mas não adiantou de nada.
Quando voltou para checar meu quarto eu estava deitada, aparentemente adormecida, a janela batia e o vento uivava agitando as cortinas. Até agora me pergunto por que eu teria aberto a janela?

(...)

Sentei no jardim, a tarde estava bonita, como de costume tentei escrever um pouco, tinha um mistério e ideias ótimas para uma pequena história do que poderia significar os acontecimentos da noite. Engraçado, nada do que eu escrevia ficava realmente bom pra mim, passei o resto do dia escrevendo e reescrevendo tentativas de fazer eu própria me impressionar, as ótimas ideias não pareciam tão boas no papel. De repente eu percebi que tudo o que eu estava pensando e escrevendo podia realmente ter acontecido, eu poderia ter saído de casa pela janela, poderia ter andado na rua, ido em lugares que nem podia imaginar. Isso era o que sempre me preocupou, não só a mim, mas a todos da mansão. Lembrei, eu tinha feito, sim, tinha feito uma carta para meu anjo protetor, eu sempre fazia isso quando sentia um medo grande e fiz isso no dia que escutei Madame Lúcia comentando com os demais que eu teria tentado abrir a porta e sair por ai noite adentro, de tão preocupada ela todas as noites tirava a chave da fechadura.

A carta:

"Querido Anjo, será que podes tomar conta de mim a noite, para que nada de ruim possa acontecer que meu corpo não faça o que minha mente saiba que não é seguro. Controle-me. Antes que eu vá até o perigo me leve com você, me leve até a sua morada."

Procurei a carta entre muitas guardadas na tábua solta atrás da escrivaninha, muitas coisas pessoais eu escondia lá. Quando a encontrei meu coração não conseguia se decidir entre sentir o alivio ou a apreensão, mas ele bateu tão forte que eu conseguiria senti-lo em todas as partes do meu corpo. Estava lá, em letras brilhantemente douradas.

A resposta:

"Espero que goste de andar nas nuvens".



Amo este texto e o relendo resolvi compartilhar.

2 comentários:

  1. Que texto maravilhoso! Parabéns Ana! Parabéns Verinha por ter uma filha que escreve com maestria! Sabe, costumo dizer que quando vou montando as cenas na mente conforme vou lendo é que a história ´é muito boa, foi o que aconteceu! Me emocionei.....

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  2. Obrigada Flávio, entre a fantasia e a realidade a minha Gabi viaja, ela escreve maravilhosamente bem, tinha até um blog, foi através dela que criei o meu primeiro. Fico feliz que tenhas gostado. A intensão dela é esta de emocionar. Ela escreveu este texto quando era mais novinha, agora ela está hibernando. Um abraço

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