terça-feira, 5 de junho de 2018

Monarquia no Brasil! Seria ainda algo viável?

Bandeira monárquica brasileira - imagem coletada no google
Antecedentes:

Podemos dizer que a monarquia efetivamente brasileira começou com a independência, em 7 de setembro de 1822 e terminou com o golpe republicano em 15 de novembro de 1889, ou seja, uma curta vida de aproximados 67 anos e dois reinados: D. Pedro I e D. Pedro II. Notem que somente em 1824 o Brasil finalmente teve a sua primeira Constituição.

A independência foi um acontecimento bastante polêmico, pois não houve uma resistência acentuada por parte de Portugal, mas sim um pagamento em espécie para que potencias como Estados Unidos e Inglaterra reconhecessem o fim da colônia! 

O Brasil, essencialmente agrário e escravista chegava a condição de país independente endividado, porém sem grandes baixas. E a pergunta que fica é: será mesmo que não valeu apena como boa parte dos historiadores costumam dizer? Afinal poupamos vidas por uma dívida!

O reinado de D. Pedro I:

D. Pedro I - injustiçado pela historiografia
Em resumo, pois esse não é o objetivo desse artigo, podemos dizer que o primeiro reinado foi de consolidação do Brasil enquanto país, afinal ainda estávamos a determinar nossas imensas fronteiras, a ocupar de fato nosso território gigantesco, a resolver e sufocar várias revoltas (de recolonização),(Confederação do Equador em 1824 no nordeste), (guerra da Cisplatina de 1825 - 1828, que culminou na independência do atual Uruguai) e pequenos levantes que resultaram numa intensa instabilidade econômica e política.

Perante esse fato, D. Pedro I vendo sua popularidade desabar e sua terra natal em crise por conta da morte de D. João VI em 1826 e as revoltas liberais em Portugal, julgou ser mais útil lá,  abdicou o trono em favor do seu filho e foi para Portugal assumir a coroa e reorganizar a monarquia lusitana. Note que aqui a história moderna apenas cria a imagem de um regente sedutor e irresponsável e que no fim das contas traiu a nação ao abandoná-la! O que não é bem verdade, pois era um período histórico muito intenso e com decisões extremamente difíceis a serem tomadas. 

No geral, parece que sua decisão foi acertada - o que a historiografia oficial jamais reconhece - pois conseguiu apaziguar as coisas em Portugal e deixou seu filho, ainda com apenas cinco anos de idade, em excelentes mãos. Seu tutor e homem muito culto: José Bonifácio.

O hiato do período regencial:

De 1831 a 1840, o Brasil conheceu o período regencial, onde o país fora governado por regentes até que o menino Pedro II pudesse completar a maioridade.

Foi um período bastante tumultuado, afinal as insatisfações oriundas do primeiro reinado não tinham sido solucionadas e a inabilidade dos regentes era notória, o que acarretou em várias revoltas populares por melhores condições de vida: Cabanada, Revolução Farroupilha, Sabinada, Cabanagem, Guerra dos Males, Balaiada e outros pequenos levantes.

Somente em 1840 D. Pedro II assume o poder através do golpe da maioridade com apenas 15 anos de idade. 
O Reinado de D. Pedro II e a questão monárquica brasileira:

D. Pedro II - o governante mais preparado
Mesmo com pouca idade D. Pedro II certamente foi o governante brasileiro mais bem preparado para assumir o poder, tanto que aprendeu todas as responsabilidades de um governante rapidamente e logo o país aos poucos foi se pacificando, mas não a toa, pois o próprio imperador visitava os locais onde haviam tensões e promovia a diplomacia.

O jovem imperador já gozava de grande prestígio e apoio popular, mesmo com as investidas dos republicanos. E foi assim que encarou de frente os levantes que anunciavam uma grande ameaça ao sul, ou seja, a Guerra do Paraguai. Note que D. Pedro II investia no diálogo, na diplomacia e não na guerra, tanto que nem tínhamos um exército "profissional" para que pudéssemos nos defender da invasão paraguaia! E tal sentido de seu governo fica ainda mais claro quando observamos que ele liderava a nação em função da Constituição autocrática de 1824, mas preferia a moderação e a participação. 

A Guerra do Paraguai eclodiu em 1864 e terminou em 1870 com inúmeras perdas para todos os países participantes do confronto. Contudo, a historiografia e canais de televisão insistem numa visão de Pedro II como "caipirão", quando na verdade demonstrou grande habilidade em tão pouco tempo de organizar um exército, coordenar a tríplice aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), indicar as estratégias e os generais corretos, além de nesse período conter a ira dos republicanos, que sempre se aproveitavam dos momentos de fragilidade do império.

D. Pedro II habilmente aproveitou o contexto (afinal boa parte do exército brasileiro era composto de escravos) e sancionou a lei Eusébio de Queiroz (1870) que colocava um ponto final no tráfico negreiro e instituiu a lei do ventre livre (1871), onde ninguém mais nasceria escravo no país. Imaginem como os grandes latifundiários ficaram satisfeitos! Para bons entendedores era como dizer que aquele regime de mão de obra estava com os anos contados. Não por acaso, os fazendeiros mais "antenados" começaram a sondar novas forças de trabalho: os imigrantes. 

O Brasil então rapidamente encontrou um forte crescimento e prosperidade econômica. Período que ficou conhecido como a época de ouro do país! Com muita coragem sancionou ainda lei dos sexagenários (1885), em que todos os escravos maiores de 65 anos tornavam-se livres, o que precipitou a ira de vários setores da elite brasileira.

Gozando de enorme prestígio popular D. Pedro II foi deposto do cargo em 1889 por conta de um golpe militar - sem a participação do povo - orquestrado pelos insistentes republicanos, por forças internacionais e pelos militares que a princípio apenas reivindicavam os lotes de terras prometidos durante a Guerra do Paraguai aos combatentes. Somente pouco depois e por questões meramente pessoais é que Marechal Deodoro se uniu ao levante e pôs fim ao regime que estava dando muito certo no país!

Tomada do quartel por Deodoro e um pequeno grupo de militares em 1889

Desculpem o texto demasiadamente longo para um artigo de blog, mas tudo o que narrei foi importante para entendermos que a monarquia moderada, ou seja, aquela que preza o diálogo e que hoje é amplamente conhecida como monarquia constitucionalista funcionaria sim no Brasil de hoje, pois além de ter sido abolida de maneira ilegal e contra a vontade do povo, demonstrou funcionar muito bem após as diversas instabilidades já apresentadas, sendo, portanto, um regime mais equilibrado quando se tem alguém preparado no poder. Não como os fantoches republicanos de hoje!

O que percebemos é uma tentativa absurda de ridicularizar o período monárquico brasileiro e quem o defende! No claro intuito de manterem privilégios e poder! Mas apenas com um pouco de estudo e atenção é possível encontrar várias contradições por parte daqueles que querem a qualquer preço esconder a verdade dos fatos, citemos algumas:

  • D. Pedro II era tão caipirão que esteve ao lado de Graham Bell (inventor do telefone) e trouxe a novidade para o país. Tornando o Brasil um dos primeiros países do mundo a se beneficiar do invento.
  • D. Pedro II era tão caipirão que tinha amplos conhecimentos de botânica a ponto de ter vários projetos de parques ecológicos dentro das cidades (como ainda hoje existem no Rio de Janeiro), demonstrando naquela época preocupação com a preservação do meio ambiente. 
  • D. Pedro II era tão caipirão que falava fluentemente inúmeras línguas e conseguia fechar acordos importantes para o país olhando cara a cara os demais líderes de outras nações. Um exemplo foi a "questão Christie" (1862-1865) quando o Brasil rompe todos os diálogos com a Inglaterra, fazendo com que a própria rainha viesse a público pedir desculpas! Quando imaginar isso nos dias de hoje?
  • O Brasil chegou a possuir a segunda maior frota naval, após a Guerra do Paraguai, do mundo! Perdendo apenas para a própria Inglaterra.
  • D. Pedro II incentivou a diversificação dos produtos comercializados pelo país visando o mercado internacional. Foi no seu governo que tivemos o ciclo da borracha e muito lucro trouxe a nação.
Notaram como escondem muitas coisas de nós?

Por fim, façam uma pesquisa rápida no google e verão que várias das nações mais desenvolvidas do mundo são regidas por monarquias, enquanto isso até hoje nos vendem a ideia de que ela é puro atraso! A quem interessa tudo isso? Toda essa mentira plantada pela República...


2 comentários:

  1. É uma ideia interessante, sendo que para presidente pode ser Qualquer um, até um semi-analfabeto, agora para imperador já é outro nível. Realmente em país regidos pela monarquia já se provou ser eficiente. Mas ainda penso que os maus costumes que temos por aqui, mesmo um rei pode se corromper, nosso país está viciado e eu como incredula que sou ou estou, não acredito que mudaria alguma coisa, porque quem mandaria seria o primeiro ministro, brasileiro? Não sei. Teria que mudar toda a nação.
    Maravilhoso texto Flavio, sempre ensinando. Obrigada.

    ResponderExcluir
  2. Eu entendo que existe uma situação prévia antes de pensarmos que o Rei também se corromperia. O Rei não está sozinho, tem toda sua família real, e todos eles se tornam intimamente ligados com o Estado, portanto, o que fizerem de errado terá consequências diretas nos seus familiares diretos e em toda sua descendência. Ou seja, ele é o próprio Estado e roubar o Estado seria roubar de si mesmo entende? E existem vários tipos de monarquia e não defendo o absolutismo, coisa que D. Pedro II que foi um excelente Rei também não defendia. Eu acredito muito numa monarquia parlamentar, onde o Rei tem o papel moderador, mas quem executa no dia a dia é o primeiro ministro. Contudo, caso esse primeiro ministro não seja eficiente, não precisamos esperar até as eleições para mandá-lo embora. O Rei atende a vontade popular, destitui o primeiro ministro para que seja colocado outro no lugar. E se ele e o próprio parlamento não estiverem produtivos, o Rei pode dissolver todos os poderes e renovar tudo de uma única vez! Como fez o Rei da Espanha poucos anos atrás!

    ResponderExcluir